terça-feira, 23 de junho de 2009

Um pouco de história...

Introdução
Nas escolas e nos livros, costumamos estudar apenas a história de um povo africano: os egípcios. Porém, na mesma época em que o
povo egípcio desenvolvia sua civilização, outros povos africanos faziam sua história. Conheceremos abaixo alguns destes povos e suas principais características culturais.

O povo Bérbere
Os bérberes eram povos nômades do deserto do Saara. Este povo enfrentava as tempestades de areia e a falta de água, para atravessar com suas caravanas este território, fazendo comércio. Costumavam comercializar diversos produtos, tais como : objetos de ouro e cobre, sal, artesanato, temperos, vidro, plumas, pedras preciosas etc. Costumavam parar nos oásis para obter água, sombra e descansar. Utilizavam o camelo como principal meio de transporte, graças a resistência deste animal e de sua adaptação ao meio desértico.Durante as viagens, os bérberes levavam e traziam informações e aspectos culturais. Logo, eles foram de extrema importância para a troca cultural que ocorreu no norte do continente.
Os bantos
Este povo habitava o noroeste do continente, onde atualmente são os países
Nigéria, Mali, Mauritânia e Camarões. Ao contrário dos bérberes, os bantos eram agricultores. Viviam também da caça e da pesca.Conheciam a metalurgia, fato que deu grande vantagem a este povo na conquista de povos vizinhos. Chegaram a formar um grande reino ( reino do Congo ) que dominava grande parte do noroeste do continente. Viviam em aldeias que era comandada por um chefe. O rei banto, também conhecido como manicongo, cobrava impostos em forma de mercadorias e alimentos de todas as tribos que formavam seu reino.O manicongo gastava parte do que arrecadava com os impostos para manter um exército particular, que garantia sua proteção, e funcionários reais. Os habitantes do reino acreditavam que o maniconco possuía poderes sagrados e que influenciava nas colheitas, guerras e saúde do povo.

Os soninkés e o Império de Gana
Os soninkés habitavam a região ao sul do deserto do Saara. Este povo estava organizado em tribos que constituíam um grande império. Este império era comandado por reis conhecidos como caia-maga.Viviam da criação de animais, da agricultura e da pesca. Habitavam uma região com grandes reservas de ouro. Extraíam o ouro para trocar por outros produtos com os povos do deserto (bérberes). A região de Gana, tornou-se com o tempo, uma área de intenso comércio.Os habitantes do império deviam pagar impostos para a nobreza, que era formada pelo caia-maga, seus parentes e amigos. Um exército poderoso fazia a proteção das terras e do comércio que era praticado na região. Além de pagar impostos, as aldeias deviam contribuir com soldados e lavradores, que trabalhavam nas terras da nobreza.
Fonte:Sua pesquisa.com

Os provérbios africanos...

Eles são milenares e auxiliam a entender a vida .
Alguns destes seguem abaixo,escolha o que combina melhor com seu dia...

"Numa luta entre elefantes, o prejudicado é o capim."
"Galo, não sejas tão orgulhoso ! Afinal, tua mãe foi apenas uma casca de ovo."
"A união do rebanho obriga o leão a ir dormir com fome."
"Ninguém experimenta a profundidade de um rio com os dois pés."
"Nunca se esquecem as lições aprendidas na dor"

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sempre é tempo de reflexão!!!

SEMPRE É TEMPO DE REFLEXÃO !!!

Para além de todo proselitismo que cercou a eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, constata-se, de fato, um enorme avanço na percepção da sociedade americana em relação ao combate ao racismo. Para um país que até recentemente praticava a discriminação racial de forma legal, eleger Barack Obama Presidente da República constituiu-se numa significativa revolução política e social. Mas é preciso olhar esse fato histórico de maneira um pouco mais acurada. Por um lado, o forte simbolismo que representa essa eleição. Maior potência do mundo, os Estados Unidos, além da força militar e econômica, são também influente no campo das idéias. Por isso, essa eleição representa recolocar na agenda política internacional, não apenas o sonho da igualdade racial, mas também o sonho e a esperança a serviço de um mundo multilateral, em que a autonomia e as diferenças entre os povos sejam respeitadas, onde o diálogo e o convencimento sejam as principais ferramentas de negociação entre as nações e não os mísseis, as invasões, as torturas e as guerras. Um mundo em que a Convenção da Proteção da Diversidade e das Expressões Culturais, aprovada pela Unesco, seja um instrumento real do reconhecimento das múltiplas formas de manifestações culturais, de tradições e de saberes dos povos, sem que tenham obrigatoriamente transformar-se em produtos ou mercadorias, como advogou os representantes norte-americanos quando da sua aprovação. Por outro lado, faz-se necessário destacar que este fato histórico representa o apogeu de uma luta que se iniciou há muito. País com tradição racial segregacionista recheada de intolerâncias e tragédias, os Estados Unidos foram palco de inúmeras lutas e experiências que influenciaram boa parte do mundo no trato da questão racial. Desde a coragem de Rosa Parks, aquela costureira negra, que, no dia 1º de dezembro de 1955, se recusou a ceder o seu lugar no ônibus a um branco, até a eleição de Barack Obama presidente, muita água rolou por baixo desta ponte. Ora de maneira trágica com os linchamentos, assassinatos e agressões perpetradas pela Ku Klux Kan e seus seguidores, ora com a reação de líderes como Martin Luther King e Malcom X e organizações como os Panteras Negras que mobilizaram milhões de pessoas nos Estados Unidos e no mundo contra esta iniqüidade que é o racismo. No meio de todos esses episódios tivemos casos hilariantes, como a decisão da Suprema Corte norte-americana que julgou pela inconstitucionalidade, de uma lei aprovada pelo Congresso Nacional norte-americano que considerava livres os escravos que fossem desbravar o oeste daquele país, alegando que o Congresso não tinha poderes para banir a escravidão, mesmo em território federal, e que os negros não poderiam ser considerados cidadãos, pois não faziam parte do povo americano.
Esse breve apanhado histórico serve para balizar a discussão decorrente da eleição do primeiro presidente negro da maior potência do mundo e suas conseqüências mais diretas para o Brasil. Serve também para entendermos melhor e cobrarmos mais ainda da elite brasileira, as razões pelas quais a enorme euforia demonstrada com a eleição de Obama, não se manifesta minimamente no apoio à luta dos afro-brasileiros por um tratamento igualitário em nossa sociedade. O Brasil precisa saber que a eleição de Barack Obama não foi fruto de nenhum milagre, nem muito menos da decisão dos homens de bem que comandam os Estados Unidos, mas sim de um poderoso movimento que ao longo de cinqüenta anos conseguiu sustentar a implementação de ações afirmativas que viabilizaram o acesso de milhões de afro-americanos ao ensino superior, assim como a ocupação de vários postos importantes de direção daquele país, tanto no setor público como no setor privado, a exemplo de Jesse Jackson, Colin Power, Condolezza Rice e tantos outros, independente de suas posições político-ideológicas.
Infelizmente a superação plena das desigualdades raciais no Brasil, país líder da América Latina, ainda é um sonho a ser conquistado e uma das razões do adiamento deste sonho é a resistência recalcitrante de parte da nossa elite econômica, política e intelectual sobre a necessidade do Brasil adotar medidas efetivas de promoção da igualdade no campo racial. Mesmo com metade da população sendo afro-descendente, eleger um presidente negro no Brasil parece um sonho ainda muito distante. Pesquisa recente do jornal Folha de S. Paulo revela isso. Embora apenas 3% dos entrevistados tenham declarado abertamente seu preconceito, para 91%, os brancos têm preconceito de cor em relação ao negro. Apenas por esse dado constata-se o quanto de trabalho temos pela frente para vencer o racismo inercial existente no Brasil. Nem mesmo Deus sendo brasileiro, como muitos afirmam, conseguimos apagar as conseqüências dos 400 anos de escravidão que vivemos. Por isto mesmo, investir nas políticas de ações afirmativas para a promoção da igualdade em nosso país, não é uma opção, é uma obrigação. Mais ainda, não pode resumir-se exclusivamente em cotas para negros na universidade, embora a educação seja um fator fundamental para alterarmos nossa realidade excludente. E, para quem, ainda insiste em considerar privilégio essas ações, vale citar aqui a declaração lapidar do ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa de que as ações afirmativas é "favorável àqueles que historicamente foram marginalizados, de sorte a colocá-los em um nível de competição similar ao daqueles que historicamente se beneficiaram da sua exclusão". Simples, como água.
Esperamos, pois, que a eleição de Barack Obama possa massagear os pontos sensíveis da sociedade brasileira e nos ajudar a revelar um outro Brasil. Um Brasil ungido pelo sentimento de fraternidade e igualdade a fim de produzir uma outra página na nossa história, com liberdade e democracia, e apagar de vez essa estrutura excludente e discriminatória com base na cor da pele, como querem alguns. Quem sabe assim, em breve, produziremos o nosso Obama?
Zulu Araújo
Presidente da Fundação Cultural Palmares